sexta-feira, 11 de maio de 2012

Era uma casa de madeira, rodeada por árvores, no alto da montanha. De lá podíamos ter a impressão de poder tocar o céu. Podíamos ver o pôr do sol tão de perto. Era o nosso esconderijo.                                         
Nossas frustrações eram camufladas. As noites lá eram calmas. As estrelas, com seus encantos, ocupavam horas da nossa madrugada. Admirávamos aquele céu único. Perfeito dia e noite.                        
Não trocávamos palavras, apenas olhares e sorrisos. Era nosso jeito mais estranho de comunicação. Não tínhamos o medo de nos magoar com palavras erradas.                  
Um dia você cometeu o erro de falar. Sugeriu que corrêssemos entre as árvores. Perdemos-nos na corrida, tropecei em galhos e gritei desesperadamente seu nome quando não te encontrei. Pareciam tantas árvores, o vento parecia mais forte e a noite mais escura. Quem sabe você tivesse perdido o controle e caído da montanha. O que fazer com as lembranças? Com as trocas de olhares? A nossa casa de madeira iria guardar cada detalhe. As árvores tinham sido testemunhas de que estávamos nos apaixonando apenas pelo sorriso. Eu precisava de um novo lugar para fugir. Existia algum lixo para eu jogar todas as estrelas que havíamos visto?